Destaque para a avaliação de desfechos como mucosite, alívio da dor e periodontite
A laserterapia vem se tornando opção cada vez mais atrativa no campo da odontologia. Em 2008,
inclusive, o Conselho Federal de Odontologia publicou a Resolução CFO-82/2008 que reconhece o
exercício da Habilitação em laserterapia e de outras práticas integrativas pelo cirurgião-dentista,
dispondo, como atribuições desse profissional, a aplicação da terapia fotodinâmica, lasers de alta
e baixa intensidade em Fotobiomodulação (FBM), bem como LEDs que estão no campo conhecido
como BIOFOTÔNICA. A área tem se tornado tão promissora que, de acordo com dados atualizados
em agosto de 2024 pelo Conselho, há, espalhados pelo Brasil, 2.672 cirurgiões-dentistas
habilitados em laserterapia.
Para entender quais evidências científicas validam o uso dessa técnica, em 2021 a BIREME
disponibilizou, com acesso livre, o mapa de evidências sobre a efetividade clínica da laserterapia
na saúde bucal. Envolvendo 121 revisões sistemáticas e metanálise, o mapa traz achados
interessantes que indicam tanto resultados positivos quanto necessidade de novos estudos sobre
a prática. Além disso, o mapa se posiciona como uma ferramenta bastante interessante e útil
justamente por trazer uma visão geral e gráfica ativa das principais evidências sobre diversos
temas voltados à área da saúde.
Foram avaliados oito tipos de intervenções usando a Fotobiomodulação (FBM) com aparelhos de
LASER, entre elas espectro da luz infravermelha, luz vermelha e terapia fotodinâmica. A avaliação
envolveu 44 desfechos distintos, distribuídos entre doenças da boca, doenças dentárias, sinais e
sintomas, cicatrização e procedimentos odontológicos.
Como resultados, o mapa de evidências mostra que, apesar de 13% dos estudos terem
apresentado efeitos inconclusivos, 84% deles – percentual bastante relevante – indicaram
resultado positivo ou potencialmente positivo dessas intervenções para a saúde bucal. Somente
em cinco desfechos surgiram resultados negativos ou potencialmente negativos. O destaque foi
para a indicação de efeito positivo do uso do laser infravermelho e vermelho para alívio da dor,
mucosite e periodontite.
Especificamente para mucosite – inflamação da parte interna da boca e da garganta – o mapa lista
cinco estudos, todos de alta confiança, sobre os efeitos da fotobiomodulação em pacientes que,
submetidos a tratamentos contra o câncer, faziam uso de quimioterapia e radioterapia. O tema é
bastante relevante, visto que, de acordo com o Instituto Oncoguia, cerca de 40% das pessoas que
recebem quimioterapia desenvolvem mucosite, o que pode impedir de comer e até mesmo beber
água.
Um desses estudos, uma revisão sistemática de 2017, aborda protocolos para manejo de
complicações orais da quimioterapia ou radioterapia como tratamento para câncer oral. Entre os
resultados, sugere que laser de diodo de baixa intensidade, entre outros tratamentos
farmacológicos, é seguro para pacientes oncológicos com mucosite ou dor oral.
Para alívio da dor, vale a pena destacar um estudo nacional sobre laser de baixa intensidade.
Revisão sistemática de pesquisadores da Paraíba avalia o uso de laser de baixa intensidade para
analgesia durante tratamento odontológico e conclui que há, sim, evidências científicas de que o
uso da técnica diminui a sintomatologia dolorosa após as manutenções ortodônticas (colocação de
elásticos e ajustes), sendo uma alternativa viável com poucos efeitos colaterais quando
comparada ao uso de fármacos. Mesmo assim, os pesquisadores indicam ser importante contar
com mais investigações científicas.
Essa precaução muitas vezes apresentada pelos pesquisadores sobre a importância do
investimento em novos estudos sobre cenários distintos surge, inclusive, nos estudos listados pelo
mapa de evidências a respeito da laserterapia para periodontite.
Estudo com alto nível de confiança publicado em 2019 e listado pelo mapa, buscou comparar os
efeitos do laser ou da terapia fotodinâmica à instrumentação mecânica não cirúrgica isolada em
pacientes com periodontite. Porém, entre aos mais de 1.200 registros, a revisão observou alta
variabilidade nos resultados clínicos e, portanto, evidências limitadas e heterogêneas demais para
traçar afirmações confiáveis.
Corroborando com essa percepção, uma metanálise buscou compreender se a terapia
fotodinâmica antimicrobiana poderia ser utilizada como complemento à raspagem e alisamento
radicular para melhorar resultados clínicos em pacientes com periodontite crônica e outras
patologias. Neste caso, os responsáveis pelo estudo também apontam falta de evidências de
qualidade e a revisão conclui que são necessários mais ensaios clínicos randomizados para
avaliação concreta desses efeitos.
A Biofotônica, área onde está inserida o uso dos LASERs, especialmente o LASER em baixa potência
ou em Fotobiomodulaçao (FBM), que vem sendo amplamente difundido e, por se tratar de uma
vasta área de atuação multidisciplinar, existem muitos estudos sendo realizados em diversos
campos de atuação como a Odontologia. Com isso, o futuro está cada vez mais promissor para o
uso desta tecnologia em saúde, visto que se trata de método menos invasivo, de alta sensibilidade
e resultados mais rápidos com segurança, custo efetividade bem delimitados com evidência
cientifica.
Referências:
- Mapa de Evidências – Efetividade Clínica da Laserterapia na Saúde Bucal
- Quantidade Geral de Cirurgiões-Dentistas Habilitados – Laserterapia – CFO
- Mucosite – Instituto Oncoguia
- Protocolos para manejo de complicações orais de quimioterapia e/ou radioterapia para câncer
oral: revisão sistemática e meta-análise atual - Terapia fotodinâmica antimicrobiana ou laser adjuvante à instrumentação mecânica não
cirúrgica em pacientes com periodontite não tratada: uma revisão sistemática e meta-análise - Terapia fotodinâmica antimicrobiana adjuvante à terapia periodontal não cirúrgica em
pacientes com diabetes mellitus: uma meta-análise - Analgesia durante o tratamento ortodôntico com o uso do laser de baixa intensidade: revisão
sistemática