Com alta tecnologia, fabricantes brasileiras oferecem possibilidades diversas para cirurgiões-
dentistas, entre elas resinas camaleão que se adaptam à cor dos dentes do paciente
A indústria odontológica é uma das que mais investe em tecnologia e inovação no país, sendo
reconhecida em todo o mundo por apresentar produtos de altíssimo valor agregado e excelente
custo-benefício. Quando o assunto é restauração dentária, a evolução dos materiais utilizados
para o procedimento é um bom exemplo de como esses especialistas atuam para trazer cada vez
melhores produtos para o uso dos cirurgiões-dentistas.
Durante muitos anos, o amálgama (liga de mercúrio, prata e estanho) foi utilizado como material
de eleição para restauração dos dentes posteriores. Porém, com os estudos em curso buscando
mais estética, prevenção e qualidade para os pacientes, além da necessidade de redução do
descarte de mercúrio no meio ambiente, as restaurações com resina composta tem ganhado cada
dia mais espaço.
Desde a primeira resina disponibilizada no mercado, muito se evoluiu. A Kulzer, indústria
odontológica especialista no desenvolvimento de polímeros e fornecedora de soluções digitais,
patrocinadora da campanha Sorrir Muda Tudo, oferece hoje um material bastante tecnológico
embasado em diversos estudos e inovações. Trata-se da linha Charisma®, que tem no seu portfólio
a Charisma Diamond, uma resina composta com alta concentração de carga, o que se traduz em
mais resistência aos esforços mastigatórios em um produto com propriedades mecânicas
melhores.
“Essa linha foi evoluindo muito. Primeiro com relação ao conteúdo de carga, partículas inorgânicas
que dão reforço. Ou seja, quanto mais carga, mais resistência. E segundo com o monômero, parte
orgânica, que também evoluiu e hoje nos permite um material com menor contração de
polimerização”, complementa doutora Patricia Lloret, gerente Técnico-Científico da Kulzer Brasil.
Recentemente, inclusive, a marca lançou mais um produto dentro da linha Charisma® chamado
Charisma Bulk Flow ONE, resina que não exige o recobrimento de uma camada superficial, tem
propriedades de adaptação de cor que mimetiza a qualquer cor da estrutura dental circundante e
torna-se, então, ideal para restaurações diárias na região posterior.
Em resumo, a nova resina combina um efeito autonivelante de um material fluido com alta
profundidade de polimerização e boa estabilidade após a aplicação, o que permite que o cirurgião-
dentista trabalhe com incrementos de até 4 mm. Por não tornar obrigatório o uso de uma resina
de recobrimento superficial, o produto ajuda a reduzir o tempo de tratamento. Fica, então, a
critério do profissional a escolha pela inserção de uma camada adicional de resina em pasta na superfície da restauração em casos em que há interesse em reproduzir a morfologia do dente
oclusal de forma mais natural, principalmente em cavidades amplas.
Quando questionada sobre as indicações dessa nova resina, Patrícia explica que ela pode ser
utilizada em restaurações diretas de classes I, II, III e V. “Como o preenchimento de restauração
em incremento único diminui o tempo de cadeira para os pacientes, é um produto ideal para
restauração inclusive de dentes decíduos. Pode, também, ser utilizado como material de base em
cavidades de classes I e II e é adequado para ferulização de dentes por trauma ou doença
periodontal, bem como para reparos de restaurações indiretas e diretas temporárias e
permanentes”, explica.
Restauração estética com resina
Existem diferentes cores, translucidezes e opacidades de dente e, na hora de fazer uma
restauração estética, isso se transforma em um desafio para o cirurgião-dentista. Porém,
novamente, a evolução tecnológica vem trazendo novidades facilitadoras para os cirurgiões-
dentistas. É o caso das resinas camaleão, ou seja, que se adequam à tonalidade do dente do
paciente.
A Charisma Bulk Flow ONE da Kulzer soma, também, essa característica estética e se adapta a
qualquer cor de dente, de A1 a D4. Patrícia explica o funcionamento do material. “A resina é
composta por uma parte orgânica e por partículas de carga, que dão reforço e resistência. No caso
da resina camaleão, há um ajuste nos índices de refração das partículas de carga e da matéria
orgânica que permite que, ao atravessar essas partículas, a luz reflita de volta, como se fosse um
espelho refletindo a cor do dente circundante”, detalha.
Esse efeito ocorre de forma mais precisa em restaurações de dentes posteriores, pois, para que
essa característica seja válida, é preciso que a resina esteja o máximo possível circundada por
dente. “Temos melhores resultados nas restaurações de classe I e classe II de dentes posteriores.
Já em um dente anterior, dificilmente há estrutura de dente por baixo para haver esse reflexo.
Então o resultado não será tão interessante”, diz.
As resinas camaleão são um excelente avanço para quem faz odontologia estética e encara o
desafio de encontrar a cor de resina mais adequada ao dente do paciente, processo que sofre
interferência da iluminação do consultório. “Até mesmo se o dia estiver nublado pode haver mais
dificuldade de encontrar a cor ideal”, comenta Patrícia.
Sobre o amálgama
Em 2022, a Coordenação-Geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde publicou parecer técnico
com as novas diretrizes para o uso do amálgama na restauração dentária no SUS. O documento, inclusive, considera as resoluções da Convenção de Minamata, tratado internacional assinado por
137 países que limita o uso do mercúrio no planeta e tem o Brasil como signatário.
O parecer não indica a remoção preventiva das restaurações de amálgama já aplicadas, visto que
não há risco para a saúde dos pacientes. Porém, sugere a diminuição do uso desse material e atua
com foco na promoção, prevenção, identificação de grupos de risco e detecção precoce de
agravos bucais.
Patrícia explica o que pode ocorrer com as restaurações de amálgama com o passar dos anos. “O
amálgama não é um material que adere ao dente. Então, quando o utilizávamos para restauração,
tínhamos de desgastar mais a estrutura do dente para que o amálgama se fixasse ali, sem sair. E
essa era uma das desvantagens”, explica. “Outro problema é que, por ele não ser um material
adesivo, se deixássemos uma estrutura um pouco mais frágil, aqueles pacientes com
apertamentos e bruxismos podiam fraturar aquele dente”, complementa. Segundo a especialista,
hoje é bastante comum que cirurgiões-dentistas recebam pacientes com restaurações de
amálgama e dentes fraturados ou trincados.
Referências: